quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A ORDEM NATURAL DAS COISAS



Tirado do facebook maquinistas.org:


Amanhã passam oito anos sobre o primeiro acidente grave na linha do Tua, o primeiro de vários outros que se seguiriam, e ainda com explicações nebulosas. 
Desde então, a linha do Tua deixou o anonimato aparente a que parecia votada desde os tempos ébrios do cavaquismo: já em 1992, a pretexto de um descarrilamento em Sortes, o tráfego foi temporariamente suspenso para obras na linha. Estranhamente, o material acidentado foi removido de Bragança por estrada, de noite, com as comunicações telefónicas cortadas na cidade e com o presidente da Junta local retido em sua casa pela GNR local, cúmplice fardada e formal do golpe cavaquista - a chamada NOITE DO ROUBO. Basta procurar no youtube que as dúvidas se esclarecerão, se ainda as houver.
O troço Mirandela-Bragança seria assim desactivado, havendo cuidado em, antes, fazer chegar o IP4 a Bragança, IP4 esse cuja evolução "natural" é uma AE4, portajada. A única estrada moderna a ligar o Nordeste ao litoral tem portagens, a EN15 é hoje uma manta rota, torta como sempre foi.
Anos volvidos, e uma empresa eléctrica já 100% privatizada, anuncia a vontade magna de fazer uma barragem no Tua, com uma produção eléctrica estupidamente baixa e facilmente superada pelo tráfego que fosse de 10 novos km de ferrovia urbana. Não: a EDP quer, a EDP manda.
E os acidentes começaram. E morreu gente.
E ainda a barragem não tinha começado e muitos autarcas locais - visivelmente corruptos e vendidos - anunciavam a inevitabilidade da barragem, que vai gerar emprego, que já começou a erguer-se, que não pode ser parada. A corrupção não pode ser parada?
Vieram ministros vários de vários governos, muitos presidentes de câmara, veio António Mexia ao vale do Tua: só falta aqui é cimento.
A linha do Tua, à conta da tortura e violência a que a têm submetido, deixou de sofrer de uma morte lenta por asfixia e esquecimento para passar a padecer de uma morte por decreto, violenta, ruidosa, falada e conhecida nas quatro partidas do mundo.
Não há muitas dúvidas de que linha do Tua é agora mais conhecida de portugueses que nem sabiam existir Trás-os-Montes ou Douro.
Não há dúvidas que a linha do Tua se tornou mais presente, muito mais presente, que qualquer linha de alta velocidade ou aeroporto da Ota (alcochete jamé). Todos os portugueses já ouviram falar dela, da mais conhecida via férrea portuguesa.
E, apesar disso, a filhadaputice continua: a geração que se segue perdoar-nos-á o estupro?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A máquina

http://monumentosdesaparecidos.blogspot.pt/2009/12/maquina-o-comboio-da-rua-de-gondarem.html






Foto 1 (José Cândido): Túnel, próximo da Praça de Liége, Foz do Douro.
Foto 2 (José Cândido): Vestígios do local onde assentavam os carris (Rua de Gondarém)
Foto 3 (José Cândido): Em plena Ervilha, onde passava a máquina. Canal no estado actual.