quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Vista Estreita

Eis uma semana cheia de boas notícias: 

  1. A electrificação por muitos pugnada da Linha do Douro até Marco de Canaveses,
  2. A futura reentrada do carro eléctrico em Matosinhos.
Pena que nenhuma das duas notícias esteja enquadrada numa qualquer estratégia.
São óptimos fogachos para auto-promoção política de quem está convencido que está a realizar uma grande obra, e na verdade são realizações que reclamámos em sede própria, como demais pessoas em exercício de cidadania, mas que pecam por não passar disso mesmo: fogachos.
Para quem andou distraído, relembro que a Câmara do Porto solicitou ao Governo que dispensasse os eléctricos do discutível pacote de privatização dos STCP. Dado o deferimento de tal pedido, anunciou-se que «giro giro», era ter eléctricos à saída do terminal de cruzeiros do Porto de Leixões para levar os turistas ao Infante.
O meu entusiasmo ficou nublado pelos seguintes factos:
-       Qualquer paquete transporta no seu bojo milhares de turistas;
-       Estes, com pouco tempo para conhecer o Porto - normalmente são escalas técnicas - saem a correr do terminal à procura de um transporte que os leve a conhecer a cidade com nome de vinho fino;
-       Um qualquer eléctrico perfilado na paragem não resolveria rigorosamente nada para nenhum dos lados das «partes interessadas»: O Porto ganharia a visita de 40 (?) pessoas e os restantes turistas apeados ficariam tristes a ver partir o dito eléctrico;
Quem me terá dito que era um só eléctrico que estaria à espera, perguntar‑se‑ão e eu respondo com perguntas:

-       Porque destruíram a remise dos eléctricos no Porto para plantar uma coisa chamada «casa da música», o que acelerou ainda mais a perda de material circulante,
-       Quantos eléctricos temos operacionais?
E vem-me à memória outras questões simples que merecerão alguma reflexão:
-       Levar os turistas dos cruzeiros ao Infante, assim é anunciado, é o mesmo que dizer que as obras da Rua de Mouzinho da Silveira, há anos anunciadas como a oportunidade de fechar um anel e fazer ligação da Ribeira à Praça por carris não foram aproveitadas para esse desiderato e como tal, perdeu‑se uma oportunidade de ouro para fazer obra poupando dinheiro ao erário.
-       Desde há relativamente pouco tempo, o pagamento do bilhete de eléctrico deixou de poder ser efectuado com o «passe» ou andante normal, passando a ser um transporte de elite, porque (ainda) mais caro. Perdeu a cidade um fantástico meio de transporte público que num instante leva os passageiros dos Clérigos à Batalha, e perdeu o turista o contacto com as gentes que mantinham o eléctrico como transporte de eleição.
-       Olhemos Lisboa: por lá nunca o eléctrico foi posto em causa e até coexistem (e tão bem) os novos com os antigos! Por cá teria sido brilhante recuperar a Avenida da Boavista com a reintrodução de eléctricos (que até podiam desviar-se e entrar no Parque da Cidade), recorrendo aos tais novos eléctricos - se não sabem, está em requalificação a dita artéria, perdendo-se de vez as árvores no canal central onde passavam barulhentos os eléctricos.
Não me entendam mal: se Matosinhos passar a ser a 3ª cidade do país com eléctricos será motivo de grande satisfação!
E chegar ao Marco em comboio Urbano, a horas e confortável (a menos dos WC) será uma vitória da razão. Pena é que a Linha do Douro e seus afluentes tenham sido votadas ao abandono, como se a linha não fosse ela própria parte da paisagem reconhecida como património mundial e fosse um meio de excelência para ligar patrimónios da humanidade e por si só contribuir fortemente para combate de assimetrias regionais e para a mobilidade das pessoas, seja em trabalho, seja em lazer.
Para quando teremos uma linha do Douro de que nos orgulhemos, com ligação a Espanha e com os afluentes (Tâmega, Corgo e Tua) a complementar a oferta de experiências únicas?
Percebem porque me dana esta alegria?

José Cândido, 2014/09/25





terça-feira, 9 de setembro de 2014

Linha do Vouga - Macinhata

Ainda o cabaz de laranjas...

Douro com comboio nas vindimas...

Triste Ramal

http://www.transportesemrevista.com/Default.aspx?tabid=210&language=pt-PT&id=40105

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Solução