segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Barragem no Foz Tua pode levar a desclassificação da paisagem pela UNESCO

22.08.2011
Lusa
O partido ecologista “Os Verdes” alertou hoje para os impactos da construção da barragem do Foz Tua, admitindo que possam levar a UNESCO a baixar o grau de património da Humanidade da região ao Alto Douro Vinhateiro.

Os Verdes reuniram-se hoje com o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, com o “objectivo de fornecer uma série de elementos relativos à barragem do Foz Tua”, quanto aos impactos no turismo e desenvolvimento da região, mas principalmente quanto aos efeitos que a obra pode ter na paisagem do Alto Douro Vinhateiro, uma região classificada como património mundial da humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).

“Os impactos da construção da barragem sempre foram escondidos pelo anterior Governo e que poderão levar a UNESCO a desclassificar aquela paisagem”, alertou Manuela Cunha, da comissão executiva daquele partido, aos jornalistas no final da audiência.

Manuela Cunha explicou que “a central de produção elétrica está mesmo numa das margens do douro, um edifício com mais de 70 metros de comprimento e com a altura equivalente a sete andares”, o que significa que ao avançar com a obra, “Portugal não está a aceitar as regras da UNESCO”.

A deputada salientou que “há novos documentos [alguns fornecidos hoje a Francisco José Viegas], que provam que, ao contrário do que defendia o anterior Governo, a barragem interfere com a paisagem classificada. Esses documentos estão escondidos da UNESCO”.

Além disso, para o PEV, “os ganhos energéticos da barragem do Foz Tua são tão poucos e os estragos são tantos - não só os ambientais mas os estragos em termos económicos naquela região”.

“Isto não se justifica. E ainda vamos a tempo de inverter esta situação”, apelou Manuela Cunha, acrescentado que com os dados fornecidos ao secretário de Estado, “o Governo não pode dizer que não agiu por não saber o que se passava”.

A representante do partido ecologista disse que Francisco José Viegas se mostrou “muito sensível” aos temas levantados, mas “desconhecia todo este processo”.

Os Verdes abordaram ainda a classificação da Linha Ferroviária do Tua como monumento nacional, uma elevação que foi negada pelo IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico).

“Esperamos que cumpra com o papel que lhe cabe que é defender a sua dama, defender a cultura e o património cultural. O património que temos ali - a Linha do Tua e as paisagens do Vale do Tua e do Alto Douro Vinhateiro - não pode ter esta ferida”, apelou.

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