quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A fraude

Não deixa de ser curioso ver como a Direita se apropria de uma velha máxima estalinista: “quando a ideologia coxeia, a culpa é da realidade”. Vem isto a propósito das mentecaptas explicações que os membros do governo encontram para o estrondoso falhanço das suas políticas. Hoje, o JN dá à estampa mais um desses delírios.

Adianta o JN, na edição impressa, que “por dia, os transportes públicos terão perdido cerca de 134 mil passageiros no segundo trimestre do ano, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), o que representa uma quebra de 10,8% face a igual período do ano passado”. Segundo o mesmo jornal, para o secretário de Estado dos Transportes, esses números “não significam uma redução de passageiros transportados, mas sim um aumento das fraudes, ou seja, duplicou o número de pessoas que viajaram sem validar o respectivo título".

Eu viajo todos os dias nos transportes públicos, usando sobretudo a CP e a STCP. Vejo toda a gente validar os respectivos títulos à entrada dos autocarros, e posso confirmar que todos os dias os revisores da CP verificam todos os passageiros. Como posso confirmar que quer os comboios, quer os autocarros, vêm cada vez menos cheios: a linha 600 da STCP terá perdido, nos últimos dezoito meses, uns 40% de passageiros; a linha 61, outros tantos; e no comboio 15214, por exemplo, que antes circulava completamente lotado, tenho encontrado facilmente lugar sentado de há meio ano para cá.

Portanto, fraude é este secretário de Estado, Sérgio Monteiro de seu nome, o mesmo que assinou o cheque de 4,4 milhões para a Lusoponte; o mesmo que decidiu o aumento exponencial do preço dos transportes públicos, ignorando os avisos de quem lhe dizia que esse aumento redundaria numa receita menor para as empresas, justamente pela perda de passageiros.

Carlos de Sá

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