quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Por falar verdade, ou como os jornais podem mudar o nosso humor

Sou bombardeado diariamente com notícias e recortes, artigos virtuais entregues por mensagens que agradeço.Se tempos houve, dizem, que se espalhou a palavra da fé, hoje espalha-se a palavra da crise. Já defendi que a crise é de valores, pois se o «quem» vencesse o «quanto», não haveria espaço para mecanismos de especulação, espécie de animais vivos e ferozes a quem ninguém parece deitar a mão. Como sou leigo das matérias económicas e também das outras mais ou menos religiosas, retomo o motivo que me traz à escrita.
Li ali algures que o fecho das linhas «resolve» uma baixíssima percentagem do «problema CP», e leio mais: leio que por exemplo nas proximidades da linha do Oeste e na Linha do Vouga há muita gente sua vizinha. Como é normal, as relações de vizinhança podem sempre resultar para «dois lados» (e não pode tudo?): ou se é «bom vizinho», ou se anda com a enxada ou a caçadeira à espera da oportunidade de se ir preso.
Parece que as ditas linhas têm maus vizinhos. E quando se vai a saber o porquê, eis que surgem umas luzes (não que haja túneis...). Se a CP oferece entre Caldas e Coimbra uma só ligação directa, a rede de expressos responde com a oferta de 11! Caso para dizer que com vizinhos (amigos) destes, ninguém precisa de inimigos!
Sabe-se que uma mentira muitas vezes dita (ou exposta nos media) facilmente se transforma numa verdade: mas não nos deixemos cair na tentação de acreditar que a opção fecho das linhas é a forma de estancar o que tem sido uma desastrosa política e estratégia para o sector (e não falamos somente de comboios, não somos fundamentalistas), mas também uma falta de coragem, visão e liderança das sucessivas administrações que, pelo claro medo de serem afastadas, foram dizendo sempre que sim às decisões tomadas em confortáveis gabinetes da capital a olhar para relatórios onde se vomitam números de uma exploração, ignorando efeitos sistémicos adjacentes.
Como diz o meu colega «Queres 5000 euros de salário? Seja! Mas terás que produzir 25000 para a empresa».
Na CP (e em tantas outras) este esquema simples foi subvertido: pagou-se 25000 aos decisores para que estes produzissem 5000!
Há números que enganam, outros que nem por isso!
E por favor, afastem de mim essas ideias flácidas de autarcas que, ao invés de perceberem o capital que detêm com o caminho-de-ferro, continuam a falar em estradas e auto-estradas, uma das muitas causas da nossa crise!

José Cândido, GAFA - Grupo de Apoio à Ferrovia Aberta

PS - e nunca será verdade que as barragens sejam limpas ou verdes, e nunca será verdade que o plano nacional de barragens é bom para o país! Nós não pedimos a barragem do Tua!  Haja luz para se acabar com ela, mesmo com campanhas milionárias de «limpeza verde» perpetrada pela EDP!


 

1 comentário:

  1. E quantos exemplos como esse da Rede de Expressos não existe pelo país a fora? Quantos transbordos são impossibilitados por diferenças de 3 minutos, ou então de 3 horas?

    E as contas ao preço das viagens nuns casos e nos outros? E o aumento do preço dos combustíveis? E as portagens? É verdadeiramente assustador vermos-nos a criar uma bomba-relógio monstruosa, e haver quem defenda que é preciso meter-lhe mais umas velas de dinamite ou uns grãozinhos de urânio!

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